Nos últimos anos, o conceito de casa inteligente deixou de ser exclusividade de residências de alto padrão e vem se consolidando como uma tendência de mercado ampla e promissora. O crescimento da automação residencial no Brasil é notável, impulsionado por novas tecnologias, mudanças no comportamento do consumidor e pela entrada de novos perfis de usuários. Este artigo explora os principais dados e projeções do setor, destacando os desafios e oportunidades para empresas, integradores e investidores.
Expansão expressiva do mercado
De acordo com projeções atuais, considerando 2019 como ano base, o mercado brasileiro de automação residencial deverá apresentar até o final de 2025 um crescimento em faturamento quase dez vezes superior ao crescimento do PIB nacional no mesmo período. Esse avanço se explica pela diversificação de categorias de consumo e pelo aumento da acessibilidade dos dispositivos inteligentes.
Em 2019, o setor vivenciou um ponto de inflexão, marcado pela introdução massiva de assistentes de voz e dispositivos acessíveis vendidos via e-commerce — muitos de origem chinesa — que democratizaram assim o acesso à automação.
Novos segmentos: médio padrão e mercado de entrada

Antes restrito ao segmento Hi-End e de alto padrão, o mercado passou a incorporar duas categorias emergentes:
Médio padrão: representa uma classe de consumidores com poder aquisitivo razoável, mas que busca soluções mais acessíveis e simplificadas.
Mercado de entrada: formado por consumidores recém-chegados ao universo da automação, atraídos por dispositivos pontuais, como lâmpadas Wi-Fi ou smart speakers.
Esses dois grupos, praticamente inexistentes até 2019, hoje representam uma parcela crescente da demanda e impõem novos desafios à cadeia de valor do setor.
O novo perfil do consumidor de tecnologia
O segmento dominante atualmente é formado pela chamada “maioria inicial”: famílias de classe média com perfil técnico moderado, que buscam praticidade, economia e segurança por meio de soluções inteligentes. Muitos desses consumidores estão adquirindo seu primeiro conjunto de dispositivos, configurando um processo de adoção gradual.
Embora o público de alta renda continue sendo importante — com preferências por soluções integradas e personalizadas —, é a classe média que impulsiona, de forma mais intensa, a curva de crescimento do mercado.
Um dado relevante: a estimativa é que 11,3% dos lares brasileiros estarão automatizados até 2025, o que corresponde a cerca de 8 milhões de residências, conforme números do IBGE. Para comparação, na América do Norte a taxa atual é de 43,5%, com previsão de atingir 63,9% até 2028.
Desafios na cadeia de atendimento
Apesar do crescimento consistente, o segmento de médio padrão enfrenta uma limitação importante: a escassez de integradores qualificados.
Por outro lado, muitos fornecedores ainda estão focados no mercado de luxo, deixando de atender com eficiência essa nova base emergente de consumidores.
Essa lacuna cria um efeito colateral preocupante: clientes com potencial de investir mais em projetos são direcionados para soluções de entrada, mais simples e de menor valor agregado, por falta de orientação especializada.
Fornecedores (fabricantes ou distribuidores) que podem atender esta demanda devem então se aliar aos integradores interessados em atender esta faixa de consumidores para potencializar sua capacitação técnica e comercial e, como resultado, alavancar mais vendas o quanto antes.
Conclusão: oportunidade em expansão
A automação residencial no Brasil está em franco amadurecimento. A entrada de novos perfis de consumidores cria um terreno fértil para inovação, novos modelos de negócios e parcerias estratégicas. É essencial que integradores, fabricantes e distribuidores compreendam as especificidades de cada segmento para se posicionarem assim de forma competitiva.
Investir na capacitação de profissionais, ampliar o portfólio com soluções escaláveis e acessíveis e fomentar a educação do consumidor são caminhos estratégicos para aproveitar portanto o enorme potencial que o mercado ainda tem a oferecer.
Este artigo utilizou informações do portal Projeto Conectar, que reúne diversos programas criados e desenvolvidos para embasar o crescimento do mercado de Automação Residencial e Predial no Brasil.