Segundo relatório da IDC, os gastos globais com inteligência artificial devem atingir US$ 1,5 trilhão em 2025, consolidando assim a tecnologia como um dos principais motores da economia digital. Esse volume de investimentos, que pode ultrapassar US$ 2 trilhões já no ano seguinte, reflete a velocidade com que a inteligência artificial se tornou estratégica para empresas e governos. Para o Brasil, a combinação de uma matriz elétrica composta em mais de 80% por fontes renováveis (dados da Empresa de Pesquisa Energética, EPE) e planos bilionários em conectividade digital coloca o país como candidato a se tornar hub tecnológico no hemisfério sul.
Franklin Tomich, fundador da Accordia e especialista em finanças corporativas e transformação digital, avalia que o momento exige uma resposta rápida. “O Brasil tem uma vantagem competitiva que poucos países conseguem oferecer, pois combina energia renovável em larga escala com demanda crescente por soluções digitais. Se o país estruturar políticas claras e estimular o ecossistema local, pode atrair investimentos de gigantes globais ao mesmo tempo em que fortalece empresas nacionais no desenvolvimento de soluções próprias”, afirma.
Esse movimento já começa a se refletir em operações estratégicas. De acordo com o Financial Times, a Google estuda investir cerca de US$ 1,5 bilhão em energia hidrelétrica no Brasil para sustentar sua infraestrutura de IA e cloud com fontes renováveis.
No mesmo sentido, a Engie Brasil adquiriu 612 MW de capacidade hidrelétrica com a compra de duas usinas nos estados do Amapá e Pará (dados divulgados pela própria companhia). Já a HostDime inaugurou em 2024 uma usina solar fotovoltaica própria na Paraíba, que, segundo informações da empresa, supre 129,46% de sua demanda energética, tornando-se case de autossuficiência.
Segundo Franklin, a janela de oportunidade é curta e depende de uma ação coordenada. “Não basta apenas esperar que os investimentos cheguem de fora. É preciso preparar a infraestrutura elétrica, ampliar a oferta de fontes renováveis e criar um ambiente regulatório seguro. Só assim o Brasil poderá sair da condição de consumidor de tecnologia para assumir papel de protagonista em uma economia global que será cada vez mais moldada pela inteligência artificial”, conclui.